20 Oct
20Oct

Por Cristiano Calegari (Co-Fundador do RESISTA).

Muito se fala nas eleições presidenciais de 2022, dos possíveis cenários de segundo turno, porém não devemos nos esquecer que estamos no meio de uma campanha decisiva para os próximos anos: as eleições municipais de 2020. E se por acaso alguém acha que não existe influência entre o resultado de agora e o de daqui a dois anos, basta darmos uma olhada no que ocorreu da última vez, e como aquilo foi determinante para o desastre de 2018.

Se voltarmos às eleições municipais de 2016, talvez não vejamos de forma tão clara a ascensão do bolsonarismo, mas já estava mais do que clara ali uma forte rejeição ao petismo. O Partido dos Trabalhadores perdeu várias prefeituras pelo Brasil, assim como o PSDB também já se mostrava enfraquecido. Em São Paulo, passamos por uma aberração, que foi Dória eleito em primeiro turno, trazendo um discurso barato de que "não era político, era gestor". Esta negação da própria política cresceu ainda mais em 2018, culminando em desempenhos pífios de nomes tradicionais nas urnas, como Marina Silva e Geraldo Alckmin. 

Os resultados de 2020 serão parte importante da narrativa política de 2022. Tanto os das eleições municipais por aqui, quanto o que der nos Estados Unidos.

É claro que uma derrota de Trump seria - será, tomara - fundamental para a queda de Bolsonaro, porém derrotá-lo nas principais capitais do país é um movimento necessário para acabar de vez com as chances de reeleição do fanboy de torturador. Este é o momento de mostrarmos que as melhores alternativas para nossas cidades são candidaturas progressistas, populares, de uma esquerda que está se renovando, e que preza pelos interesses dos 99% - ao invés do 1% mais rico. Este pode ser o começo do fim dessa era de trevas pela qual estamos passando.

Falando sobre as principais capitais do país, nós temos diversos cenários atualmente: no Rio, a missão parece ser a mais difícil de todas, quando se desenha um segundo turno entre Paes e Crivella, o que gera um voto no "menos pior" (neste caso, o primeiro); em Recife há chance de um segundo turno entre candidatos progressistas, porém lá Bolsonaro já havia perdido antes, logo não é novidade; já em BH os partidos estão extremamente enfraquecidos, e o atual prefeito (ex-presidente do Atlético Mineiro) deve ser reeleito, possivelmente até em primeiro turno. 

Mas os dois lugares que são peças-chave neste quebra-cabeças, a meu ver, são: Porto Alegre e São Paulo.

As duas vitórias mais importantes contra o bolsonarismo seriam de Manu e de Boulos.

Em ambos os casos, temos candidatos que participaram das eleições de 2018 (Manuela, como vice de Haddad, chegou ao segundo turno; enquanto Guilherme Boulos foi candidato e teve menos de 1%). Qualquer um deles ganhando, é uma derrota e tanto para o atual presidente. E as chances de Manuela D' Ávila são grandes: ela lidera as pesquisas com certa folga, e está se saindo muito bem durante a campanha, mesmo sendo frequentemente atacada por Fake News. Aqui em São Paulo, Boulos também é alvo frequente destas campanhas de difamação.

A chapa Boulos-Erundina tem pela frente uma tarefa mais complicada: enfrentar o BolsoDória na capital paulista. A falta de debates é mais um obstáculo, porém é possível um crescimento da candidatura psolista rumo ao segundo turno, principalmente devido ao desgaste natural de quem atualmente lidera as pesquisas. O simples fato de Boulos já ser a principal candidatura de esquerda por aqui traz uma esperança de que há caminhos no campo progressista fora o PT. Por último, mas não menos importante: vamos olhar atentamente para o resultado das câmaras municipais. O crescimento do número de vereadores de partidos como PSOL e PCdoB, se vier a ocorrer, é bom sinal.

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