23 Mar
23Mar

Por Cristiano Calegari (Co-Fundador do RESISTA).

Vamos voltar à crise econômica de 2008 e 2009 - a última de grande proporção em termos mundiais. Tínhamos Obama recém-eleito presidente dos Estados Unidos, Lula em seu segundo mandato no Brasil, e Gordon Brown como primeiro-ministro do Reino Unido. Independente de posições políticas, é consenso que os três nomes são pessoas "do ramo", políticos experientes que tem um preparo para resolução de conflitos e gerenciamento de crises.

Corta para: pandemia do coronavírus, 2020. Mundo entrando em forte recessão (não dá pra prever o tamanho dela, mas a recessão econômica mundial é uma realidade). E, para nosso azar, quem são hoje os chefes de Estado de EUA, Brasil e Reino Unido? Este trio representante da extrema direita tosca: Donald Trump, Jair Bolsonaro, e Boris Johnson. E é nessa hora que percebemos a falta que nos fazem os estadistas.

Idealmente, o que é esperado de uma liderança eleita? Que nos represente. Que seja um exemplo. Que inspire as pessoas do país. Que lidere a nação rumo a uma maior qualidade de vida para todos.

Mas e quando aqueles que deveriam liderar o gerenciamento da crise são justamente geradores de crises?

Infelizmente, no pior momento possível, temos o pior presidente que poderíamos ter. O pior do mundo, de acordo com o CEO da importante consultora de riscos políticos Eurasia. Assim como Trump e Boris Johnson, um lunático. Ditos "líderes" (com todas as aspas possíveis) que negam a ciência e acreditam em teorias da conspiração, ditos "governantes" que não governam, porque preferem travar uma guerra constante com a mídia e com a oposição. Senhores irresponsáveis a ponto de, em meio a uma crise extrema que transforma radicalmente o mundo em que vivemos, desdenhar do perigo e atacar os que, de fato, estão tentando fazer algo pelo bem da saúde pública.

Boris Johnson não queria tomar muitas medidas de supressão a princípio, e trabalhava com a ideia de que 'alguns milhares de vidas seriam perdidas, mas que isso faz parte'. Em nenhum momento, colocou a saúde da população à frente de seus interesses econômicos e de poder. Aos poucos, vem sido convencido pelo resto do mundo de que o caminho não é por aí. E que alguns milhares podem virar muitos.

Donald Trump passou muito tempo em estado de negação. Zombando do perigo que estava a sua frente, e procurando culpados ao invés de maneiras de salvar vidas. Ele vocifera constantemente o discurso de que seria um "vírus chinês", o que já foi repetido por seus fãs no governo brasileiro. Foi preciso justamente uma comitiva do Brasil ir aos EUA para que Trump acordasse em relação ao coronavírus. Talvez tarde demais.

Abaixo de quem acordou tarde, temos o nosso pior do mundo: aquele que ainda não acordou.

Desde o dia 1º de Janeiro de 2019, o posto de presidente do Brasil está vago. Existe um sujeito, um tiozão que usa a faixa presidencial, e desdenha de seus opositores, da imprensa, de todas as áreas do conhecimento, e está em eterna campanha para seus fieis seguidores igualmente deslocados da realidade. O mundo deles é tão distante do real que, mesmo quando seu próprio ministro da saúde está tentando fazer um bom trabalho, o tiozão da faixa vai contra. E neste momento tão delicado da nossa sociedade, não podemos deixar que um ser desta pequenez atrapalhe nosso futuro.

Encontremos nossas próprias lideranças, que não estão no Palácio do Planalto. Até além dos governadores, prefeitos, e parlamentares. Falo de profissionais da saúde, cientistas, artistas, comunicadores. Líderes de boas ações para ajudar os vizinhos idosos com as compras, para doar sangue quando for preciso, para entreter remotamente quem está em quarentena. Enfim, que sejamos donos de nossas próprias vidas, e responsáveis o bastante para não prejudicarmos outras. 

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